Destaque na cena nacional e internacional, “Quando Quebra Queima” chega ao FILO – Mostra Nacional de Artes Cênicas em apresentação no Colégio Hugo Simas. Nesta sexta, às 20 horas

A luta pela educação, pelo direito de sonhar, de existir e de ser exatamente como se é compõe a dramaturgia e a partitura corporal que 16 atores colocam em cena no espetáculo “Quando Quebra Queima”. A montagem que a ColetivA Ocupação, de São Paulo (SP), apresenta hoje, às 20 horas, na programação da Mostra Nacional de Artes Cênicas – FILO 50+1, aborda essas questões a partir da vivência que os artistas tiveram enquanto  estudantes  que participaram do movimento secundarista entre 2015/2016 e viveram intensamente o processo de ocupações  de escolas e manifestações. A única apresentação acontecerá no Colégio Estadual Hugo Simas (entrada pela Rua Pref. Hugo Cabral, 677).

O movimento que ficou conhecido como “primavera secundarista” surgiu quando, em outubro de 2015, o governo do Estado de São Paulo tentou impor um projeto que previa o fechamento de mais de 100 escolas estaduais. A reação dos estudantes foi imediata com as ocupações da escolas. E a partir desse movimento o grupo acabou se unindo para fazer teatro depois de conhecer o trabalho da diretora Martha Kiss Perrone, que se apresentou nas escolas ocupadas. Inicialmente não havia pretensão de se montar um espetáculo, mas uma pequena performance que o grupo criou acabou ganhando corpo e se transformou em “Quando Quebra Queima”, que já foi visto em diferentes regiões do Brasil e também em Portugal e Inglaterra, apenas um ano e meio depois da estreia.

As transformações pelas quais os integrantes da ColetivA passaram  desde as ocupações das escolas foram muitas. A atriz Lilith Cristina afirma que as ocupações foram um projeto de nova sociedade que aconteceu dentro das escolas. “É como se a gente trocasse todas as palavras que nos deram desde quando nascemos. Esse antes e depois é um lugar que a gente olha para quem era e pensa: não pulamos apenas os muros das escolas, foram tantos outros muros de nossas vidas, do autoconhecimento, de nossas identidades, cores”, comenta.

Para a atriz Ariane Aparecida, as ocupações das escolas acabaram formando uma geração com uma compreensão muito mais ampla dos problemas que afetam a sociedade. “Muito além de entender o que é o feminismo, o racismo, a transfobia e a homofobia, aprendemos a nos organizar contra isso, junto com outras pessoas que são iguais a gente. Vivemos durante as ocupações num sistema horizontal criado por nós; então ficou impossível voltar para a vida fora das escolas e não perceber a diferença neste sistema em todos os aspectos”, analisa.

O ator Abraão Kimberley observa que “Quando Quebra Queima” tem muito a ver com a realidade do Brasil e acredita que a pauta que levou à sua criação perdurará por muito tempo. “Vivemos um tempo em que a educação e a cultura estão sendo desvalorizadas. Então, quanto mais atacam a gente, mais arte vamos produzir”, diz.  Ele defende que o teatro proporcionou a todos os integrantes a possibilidade de mostrar “que pela arte não nos tornamos mais uma estatística enquanto preto, pobre e periférico”. “Por meio da educação e da arte é possível conquistar muitos espaços de forma coletiva e assim ativar sonhos, pois sonhos negros existem”, conclui.

FICHA TÉCNICA

Direção: Martha Kiss Perrone. Performance e criação: Abraão Kimberley, Alicia Esteves, Alvim Silva, Ariane Aparecida, Beatriz Camelo, Gabriela Fernandes, Ícaro Pio, Letícia Karen, Lilith Cristina, Marcela Jesus, Matheus Maciel, Mel Oliveira, Mayara Baptista e Pedro Veríssimo. Dramaturgia: ColetivA Ocupação. Preparação corporal: Martha Kiss Perrone e Natália Mendonça. Iluminação: Alessandra Domingues e Beatriz Camelo. Operadora de luz: Giu Valentim. Som e performance live: André Dias Oliveira e Heitor de Andrade. Preparação vocal: Abraão Santos. Fotos em cena: Alicia Esteves. Vídeo: Martha Kiss Perrone. Colaboração musical: Fronte Violeta. Figurino: Lu Mugayar. ColetivA Ocupação: Gabriela Cherubini. Produção: Otávio Bontempo, Lilith Cristina, ColetivA Ocupação e Bom Tempo Produções.

QUANDO QUEBRA QUEIMA

ColetivA Ocupação (São Paulo – SP)

1º de novembro | 20h | Colégio Estadual Hugo Simas (entrada pela R. Prefeito Hugo Cabral, 677 – Centro)

Classificação indicativa: 10 anos
Duração: 80 min

Ingresso: produtos de limpeza ou de higiene pessoal, que podem ser entregues na portaria da escola. Retirada de convites uma hora antes do início da apresentação, por ordem de chegada, com lotação limitada.


MOSTRA NACIONAL DE ARTES CÊNICAS – FILO 50 + 1
De 24 de outubro a 5 de novembro
Ingressos:
R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia-entrada)
Ponto de vendas: Loja Ciranda (Rua Prefeito Hugo Cabral, 656) – Horário de funcionamento: segunda a sexta, das 9 às 18 horas, e sábados, das 9 às 13 horas.
Pela internet: https://www.sympla.com.br/FiloMostraNacionalDeArtesCenicas.
Patrocínio: Prefeitura Municipal de Londrina – Secretaria Municipal de Cultura – Programa Municipal de Incentivo à Cultura (PROMIC)
Apoio: Ciranda, Crillon Palace Hotel, Midiograf , Rádio UEL FM, Sanepar, SESI Cultura, Teatro Mãe de Deus e Vila Cultural Cemitério de Automóveis
Realização: Atrito Arte Artistas e Produtores Associados, Palipalan Arte e Cultura e Universidade Estadual de Londrina (UEL).