Grupo franco-brasileiro completa 20 anos em 2018 e prepara uma série de produções e evento para celebrar trajetória
No silêncio o grito soa mais claro e alto na tentativa de acordar a humanidade da apatia diante do terror, da intolerância e injustiças. O amor, que é o remédio para todos os males, foi o ponto de partida para a criação do espetáculo “Gritos”, que Cia Dos à Deux, do Rio de Janeiro, apresenta no FILO 2017, neste sábado (19) e domingo (20), no Teatro Ouro Verde, às 21 horas.
“Gritos” é o trabalho mais recente da companhia, que estreou em novembro do ano passado no Rio de Janeiro. O primeiro trabalho do grupo a estrear no Brasil, uma vez que a Dos à Deux é uma companhia que brasileira que surgiu na França há 19 anos, e todos os outros trabalhos foram apresentados primeiro na Europa, para depois chegar ao Brasil. O espetáculo será levado para o velho continente em 2018.
Em junho do ano que vem, a Cia. Dos à Deux completa 20 anos de atividades. Para comemorar a trajetória, a companhia está preparando uma série de eventos e produções. Uma delas é a gravação de um documentário, que será produzido pelo Canal Curta, com direção do ator e cineasta Roberto Bomtempo . “A proposta é traçarmos o nomadismo da companhia, que já percorreu 50 países nesse período”, diz o diretor, dramaturgo e ator, Artur Luanda Ribeiro.
Além das imagens captadas pelos próprios integrantes da Cia. Dos à Deux ao longo dessas duas décadas, a produção terá imagens feitas pela equipe do Canal Curta, que começam a ser gravadas durante a passagem pelo FILO 2017, pela equipe de Bomtempo. “Além do filme também vamos editar um livro para registrar nossa história”, comenta.
Os diretores da companhia também estão programando um Festival Dos à Deux, para apresentar as sete peças que eles têm no repertório. “A ideia é percorrer o país com esses espetáculos, em locais onde já tivemos e também onde nunca nos apresentamos”, revela Ribeiro.
TEMAS URGENTES – Em “Gritos”, a companhia utiliza técnica apurada de manipulação de bonecos e objetos, aliada a uma iluminação cuidadosa, para contar, sem nenhuma palavra, histórias que abordam temas ásperos como homofobia, racismo, guerra e o menosprezo que torna algumas pessoas invisíveis. “A partir da temática do amor, desenvolvemos três poemas com temas isolados, tendo como fio condutor a ausência desse amor no mundo contemporâneo, que nos leva a viver com muros invisíveis, que nos dividem, com guerras, intolerância”, comenta Ribeiro.
O ator e diretor André Curti classifica as cenas que integram a montagem como “poemas gestuais”, que conduzem o público a uma reflexão sobre os temas propostos. “São poemas que se tornam gritos de reivindicações, amor e esperança”, comenta . Para ele, a busca pelo amor e pelo reconhecimento estão retratado de forma clara, apesar de não haver uma palavra no espetáculo. “É caso de Louise, a travesti da primeira história, que busca aceitação em um mundo repleto de intolerância ao que é diferente”, observa.
Ribeiro diz que a presença de outros espetáculos na programação do FILO 2017, que tratam dessas mesmas questões, revela a urgência de se discutir essas pautas. “Há um inconsciente coletivo, e se vários artistas estão falando sobre esses mesmos temas é porque são urgentes. Temos o dever tocar nesses assuntos. Por isso, no espetáculo, tratamos de um homem em desespero no mundo”, comenta.
Guto Rocha/ Comunicação FILO
FICHA TÉCNICA:
Concepção, dramaturgia, cenografia e direção: Artur Luanda Ribeiro e André Curti|Interpretação: Artur Luanda Ribeiro e André Curti | Pesquisa e realização objetos/bonecos: Natacha Belova e BrunoDante | Assistente de realização objetos/bonecos: Cleyton Diirr | Criação Musical Grito 1: Fernando Mota | Colaboração: Beto Lemos e Marcelo H (gritos 2 e 3) | Direção musical:Beto Lemos | Criação musical: Marcelo H | Cenotécnico: Jessé Natan | Iluminação: Artur Luanda Ribeiro e Hugo Mercier | Figurinos: Thanara Schonardie | Contramestra: Maria Madelana Oliveira | Comunicação visual: Bruno Dante Técnico de luz: PH | Técnico de som: Gabriel Reis | Contrarregra: Jessé Natan e Leandro Brander | Direção de produção: Sergio Saboya | Produção executiva: Ana Casalli | Realização próteses: Dra. Rita Guimarães de Freitas | Fotos: Renato Mangolin | Assessoria de imprensa: Paula Catunda e Bianca Senna
Serviço:
Festival Internacional de Londrina – FILO 2017
De 11 a 27 de agosto
Realização: Associação dos Amigos da Educação e Cultura Norte do Paraná e Universidade Estadual de Londrina
Patrocínio: Petrobras, Governo Federal, Prefeitura de Londrina / Secretaria Municipal da Cultura / Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic), Caixa Econômica Federal, Unimed.