O artista congolês Shambuyi Wetu vai circular pelo Terminal Central nesta quarta-feira (28) com a performance “Bagagem”. Na quinta (29), ele volta a percorrer o Calçadão, como parte da programação gratuita do FILO 2023

O artista plástico congolês Shambuyi Wetu chamou a atenção de quem passou pelo Calçadão na última terça-feira. Arrastando sua bagagem, ele caminha entre os transeuntes com o rosto e uma mala cobertos por um pedaço de ráfia (tecido feito de fibra têxtil de uma palmeira). A ação faz parte da performance “Bagagem”, que integra a programação do FILO 2023 e tem como proposta chamar a atenção para a condição dos imigrantes africanos pelo mundo.

A performance volta a acontecer nesta quarta-feira, às 11 horas, dentro do Terminal Central, e na quinta-feira, às 11h30, no Calçadão. E para quem quiser conhecer mais a história de Shambuyi Wetu e seu trabalho, nesta quarta-feira, às 16 horas, no Sesc Cadeião, ele também participa de bate-papo com o público em geral.

Ao propor uma visão crítica à invisibilidade dos imigrantes, Shambuyi Wetu interage com pessoas que encontra pelo caminho. Fala sobre sua experiência como imigrante, sobre a dificuldade em se inserir na sociedade e atuar em sua profissão. “É muito difícil conseguir isso. E também  muito ruim quando se tem uma formação e não se pode exercê-la”, comenta o artista que, ao chegar no Brasil em 2014, trabalhou por um período na construção civil.

Depois de um tempo no Brasil, conheceu pessoas que possibilitaram seu acesso à cena artística da capital paulista. “O imigrante sofre uma série de restrições e precisamos refletir sobre isso. Todo mundo um dia pode precisar deixar o seu país e ser um imigrante”, reflete.

Sobre a sua motivação em abandonar Kinshasa, capital da República Democrática do Congo, e vir para o Brasil, sozinho, Shambuyi Wetu explica que foi decorrente da falta de liberdade no país, devido à repressão. “Não podíamos falar ‘alto’ e isso me incomodava, assim como a instabilidade política e econômica”, conta o artista, que pretende voltar este ano ao Congo – pela primeira vez, desde que deixou o país – para visitar sua família.

Sob olhares curiosos, o artista foi acompanhado pelos espectadores que estiveram no Calçadão para conferir a performance.  O calouro de jornalismo Pedro Bruschi Guedes, de 17 anos, estava lá com um grupo de amigos. “Estou acompanhado a programação do FILO e fiquei curioso para ver essa performance. Achei interessante o trabalho dele e também o olhar das pessoas sobre isso. É diferente e algo raro de se ver acontecendo no Centro da cidade. É legal porque faz a gente pensar sobre a situação dos imigrantes”, afirmou.

Ana Paula Nascimento
Assessoria de Comunicação FILO

Foto: Fabio Alcover/FILO

 

 Ficha técnica

Artista: Shambuyi Wetu.
Produção executiva: Anne Karoline Trindade.
Produção artística: Narany Mireya.

 

 

Serviço:

“Bagagem” – Performance com Shambuyi Wetu (República Democrática do Congo)

28 de junho (quarta-feira), às 11h, no Terminal Central

29 de junho (quinta-feira), às 11h30, no Calçadão