O artigo 5º da Constituição da República Federativa do Brasil garante a liberdade de expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença.
Diante dos acontecimentos que envolveram uma apresentação teatral no Colégio Estadual Hugo Simas, no dia 1 de novembro, os realizadores da Mostra Nacional de Artes Cênicas – FILO 50+1 vêm a público defender o direito assegurado pela Constituição Federal e declarar sua posição contra toda e qualquer manifestação de censura, violência, racismo, homofobia, intolerância ou outro tipo de preconceito.
Acreditamos no diálogo como forma de propor questões fundamentais para o exercício da cidadania e suscitar trocas dos mais diversos pontos de vista, sempre em ambiente de respeito mútuo.
O Festival Internacional de Londrina tem uma história de mais de 50 anos ligada à educação e à cultura, e sempre defendeu princípios. É marca em sua trajetória o protagonismo no movimento de resistência cultural. O FILO tem como característica o respeito pela diversidade, que é um dos eixos da identidade brasileira. Acima de tudo, o Festival acredita no poder transformador do teatro e das artes.
A montagem “Quando Quebra Queima” é uma obra teatral concebida por artistas e ex-alunos secundaristas da cidade de São Paulo, que participaram do movimento conhecido como “Primavera Secundarista” (quando o governo do Estado de São Paulo apresentou um projeto que previa o fechamento de mais de 100 escolas estaduais). Esses alunos viveram intensamente o processo de ocupações de escolas e, a partir da experiência, criaram o espetáculo, que já foi apresentado em várias cidades, nos principais festivais do Brasil e também em países como Portugal e Inglaterra.
Como aconteceu nos demais lugares por onde passou – na maioria das vezes dentro de escolas públicas -, foi muito bem recebido pelo público presente no Colégio Estadual Hugo Simas, que abriu suas portas para esse debate.
A organização da Mostra Nacional de Artes Cênicas – FILO 50+1 reitera o direito à livre expressão ao propor um espetáculo em uma escola, abrindo o diálogo a partir de um trabalho que valoriza a convivência pacífica e é pautado no respeito à pluralidade de opiniões. E é nesta possibilidade de troca que nós, realizadores da Mostra Nacional de Artes Cênicas – FILO, acreditamos.
Atrito Arte Artistas e Produtores Associados, Palipalan Arte e Cultura e Casa de Cultura da UEL
Comissão Organizadora da Mostra Nacional de Artes Cênicas – FILO 50+1