No ano em que completa 40 anos, o Grupo PROTEU ganha um presente especial: a reedição do texto de uma de suas montagens mitológicas, “Bodas de Café”, momento marcante do teatro independente brasileiro. Escrita por Nitis Jacon, em modelo colaborativo com o PROTEU, a peça está no livro que a professora Sonia Pascolati, do Departamento de Letras da UEL, lança nesta quarta-feira (28), às 19 horas, no saguão de Teatro Ouro Verde, dentro da programação do FILO 50+1. O lançamento terá a presença de atores do PROTEU, que nesse mesmo dia, às 20h30, sobem ao palco do Ouro Verde para apresentar o espetáculo “Tango”.
Bodas de Café, uma publicação da EDUEL, traz notas e textos críticos de Sonia Pascolati, que organizou todo o material que resgata a dramaturgia e parte importante da história do PROTEU, fundado em 1978. Primeiro texto produzido coletivamente pelo grupo, Bodas de Café é considerado pela pesquisadora um marco na trajetória do PROTEU pela grande repercussão da peça, qualidade do texto e versatilidade cênica.
O livro é resultado de pós-doutorado de Sonia Pascolati no Programa de Pós-Graduação em Literatura e Interculturalidade da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB – 2018). Para realizar a pesquisa, Sonia fez um levantamento de documentos relacionados ao espetáculo, como ficha técnica, historiografia, material manuscrito, além do próprio texto datiloscrito original.
Sonia Pascolati entrevistou ainda 12 integrantes do PROTEU que participaram da montagem original. O livro lançado pela EDUEL traz o texto original, um prefácio contextualizando o trabalho do grupo e um posfácio com uma análise mais técnica sobre o espetáculo e o grupo.
A montagem “Bodas de Café”, que reuniu um elenco de 29 atores, com direção de Nitis Jacon, levou para os palcos a história de Londrina a partir da perspectiva dos cidadãos comuns, como o trabalhador rural, o corretor de imóveis, a prostituta.
O espetáculo marcou as comemorações do aniversário de 50 anos de Londrina, sendo apresentado ao público em dezembro de 1984, no Teatro Ouro Verde. A estreia ocorreu meses antes, em julho, na Casa de Cultura da UEL. Logo após, o grupo seguiu para o Rio de Janeiro, onde participou do projeto Mambembão. O espetáculo foi apresentado 88 vezes, entre 1983 e 1984.
O livro tem preço de capa a R$ 50,00, mas durante o lançamento será vendido promocionalmente a R$ 25,00.
Com informações da Agência UEL de Notícias.
Lançamento de livro
BODAS DE CAFÉ
De Nitis Jacon de Araujo Moreira e Grupo PROTEU
Organização, notas e textos críticos: Sonia Pascolati
28 de agosto | 19 horas
Saguão do Teatro Ouro Verde
(Rua Maranhão, 85)
Editora: EDUEL, 242 pág.
Preço de lançamento: R$ 25,00
Bate-papo com a professora Sonia Pascolati
Como e quando foi o seu primeiro contato com a dramaturgia de Nitis Jacon e do Proteu?
Desenvolvi um projeto de pesquisa sobre dramaturgia londrinense de 2013 a 2016 na UEL. Em 2014, nos dedicamos ao estudo dos nove textos de autoria coletiva do grupo Proteu.
Na elaboração do livro, você realiza um longo trabalho de pesquisa documental e entrevistas. Quais as descobertas mais surpreendentes?
A avalanche de recepções positivas aos espetáculos, registrada pela imprensa, com destaque para Bodas…, Salto alto, ZYDrina e Transgreunte Ascendente Aquarius; a compreensão do processo criativo do grupo; e, pessoalmente, conhecer a história de Londrina.
Como se deu o acesso aos originais de Bodas de café e quais os principais desafios na transcrição da dramaturgia para o formato de livro?
À época, o material estava na Divisão de Artes Cênicas da Casa de Cultura da UEL, sob os cuidados de Paulinho Braz, que nos deu livre acesso a tudo. Para o livro, meu esforço foi a inserção de notas explicativas de teor histórico e dramatúrgico, assim como o cotejamento com uma gravação em vídeo do espetáculo encenado em 1984.
A narração da história não-oficial ou por vozes heterodoxas é um procedimento que ganha força no teatro contemporâneo. Você considera que Nitis e o Proteu antecipam características na forma e no conteúdo da cena atual? Quais são estas características?
Creio que essa revisão crítica da história oficial venha ocupando os palcos nacionais desde a primeira metade do século XX, a exemplo de Oswald de Andrade e Jorge Andrade. Minha análise crítica do texto-espetáculo localiza essa produção na intersecção entre o moderno e o contemporâneo no teatro, uma vez que a presença brechtiana é flagrante, mas o espetáculo é pleno de performatividade.
“Londrina é uma adolescente ingênua travestida de mulher fatal”. É a frase do texto que você elege para epígrafe. Bodas de café ajuda a compreender a Londrina do presente? O que há de sedutor e de pueril na Pequena Londres?
A mulher fatal se revela em tudo em que Londrina é ponta de lança: seu arrojo econômico e industrial, sua potência cultural e artística, mas essa imagem camufla a adolescente ingênua que permanece apegada a valores morais tradicionais.
Colaborou: Renato Forin Jr.
SERVIÇO:
Festival Internacional de Londrina – FILO 2019
De 15 de agosto a 1 de setembro
Patrocínio: Lei de Incentivo à Cultura, Copel, Governo do Estado do Paraná e Bratac.
Apoio: Sicredi, Midiograf, Viação Garcia, Unimed, Sesi Cultura, Crillon Palace Hotel, La Comédie, Núcleo dos Festivais Internacionais de Artes Cênicas do Brasil, Editora Cobogó, Ciranda, Bella Vista, Rádio UEL FM. Apoio institucional: Prefeitura de Londrina – Secretaria Municipal de Cultura e Associação Médica de Londrina.
Realização: Universidade Estadual de Londrina, Palipalan Arte e Cultura, Secretaria Especial da Cultura e Ministério da Cidadania.
Mais informações: www.filo.art.br