ANCESTRALIDADE AFRICANA

Grupo carioca Amok Teatro traz para o FILO 2015 espetáculo que permeia o épico, as paixões e a parte sombria do indivíduo

Salina (a última vértebra)A companhia Amok Teatro, do Rio de Janeiro (RJ), apresenta no FILO 2015, nos dias 15 (sábado) e 16 (domingo), às 20h30, seu mais novo espetáculo: “Salina (a última vértebra)”. A montagem, que estreou em fevereiro deste ano, conquistou público e crítica cariocas, e agora poderá ser vista em Londrina, no Espaço Petrobras (Av. Celso Garcia Cid, 1489).

Salina propõe um mergulho numa África ancestral, através de uma história atemporal e universal sobre exílio, ódio e perdão.  A peça conta a saga da personagem que dá nome ao espetáculo. Casada à força e violada por seu marido, Salina dá à luz Mumuyê Djimba, um filho que ela detesta tanto quanto o pai. Acusada de deixar o esposo morrer agonizante num campo de batalha, Salina é banida de sua cidade. Exilada no deserto, ela alimenta seu desejo de vingança. Da sua ira, nasce Kwane, que trava uma guerra com seu irmão, Djimba, até que uma reviravolta surpreendente acontece no destino de Salina.

O espetáculo, que é dirigido por Ana Teixeira e Stephane Brodt, tem texto do escritor francês Laurent Gaudé. Ainda inédita no Brasil, esta obra de Gaudé é composta por elementos da tragédia grega e da epopeia africana, onde encontramos o épico, as paixões, o combate e a parte sombria do indivíduo.

A montagem do Amok Teatro foi concebida a partir de um projeto que envolveu diversas etapas: formação de atores, pesquisa de linguagem cênica, além de intercâmbios e ensaios. Durante o período de formação, a sede do grupo em Botafogo (bairro carioca) foi um lugar de convergência e trocas de experiências entre atores vindos das mais diversas regiões da cidade do Rio de Janeiro.

Depois dessa etapa, dez atores e um músico integraram o Amok e iniciaram uma pesquisa cênica apoiada em diferentes culturas africanas e afro-brasileiras (em particular, o Congado e o Candomblé). O grupo realizou dois encontros com mestre Jorge Antônio dos Santos, mestre de tambor do Congado dos Arturos de Minas Gerais, com quem abordaram, além dos cantos e ritmos dessa tradição, questões como religiosidade e ancestralidade.

Salina é resultado de um longo processo de imersão que ultrapassou o âmbito da estética e gerou espaços de deslocamentos, de trocas e de reflexão.  “A obra de Laurent Gaudé permitiu a criação de um território simbólico, uma África imaginária, construída a partir de uma identidade mestiça, da confluência de diversas culturas de raiz africana e das diferentes visões e trocas que surgiram no decorrer do projeto”, explica Ana Teixeira.

Os espetáculos do Amok trazem questões contemporâneas sem perder de vista a afirmação da cena como um espaço cerimonial. Merece destaque o trabalho anterior: A Trilogia da Guerra (“O Dragão”, “Cabul” e “Histórias de Família”, este último será apresentado no FILO – segunda e terça-feira, dias 17 e 18, no Cine Teatro Padre José Zanneli).

O projeto abordou três diferentes guerras com três linguagens cênicas distintas, circulou por 65 cidades do Brasil, inclusive Londrina, e esteve recentemente em turnê na China, onde o grupo retorna este ano, para mais uma turnê, após passar pela África do Sul em julho.

“Com Salina, o Amok abre um novo ciclo de pesquisa, sempre centrada no trabalho do ator. Se na Trilogia da Guerra investigamos as relações entre o teatro e o real, com Salina, investigamos as relações entre teatro e rito”, afirma Stephane Brodt.

 

A COMPANHIA 

O Amok Teatro caracteriza-se pela dedicação a um processo contínuo de pesquisa sobre a arte do ator e as possibilidades de encenação. Desde sua fundação em 1998, o grupo tem recebido por seus espetáculos diversos prêmios do teatro nacional e um grande reconhecimento da crítica e do público, sendo considerada hoje, uma das companhias de maior prestígio da cena carioca contemporânea.

Os processos de criação e formação estão profundamente ligados nos trabalhos do Amok Teatro. A pedagogia responde à necessidade de promover uma dimensão do teatro que não se limita à produção de espetáculos e busca transmitir valores artísticos que não têm como único objetivo os resultados.

Sobre o autor Laurent Gaudé: 

Escritor e dramaturgo francês, Laurent Gaudé estudou Literatura Moderna na Universidade de Paris e desenvolveu uma tese sobre estudos teatrais sob a orientação do ator e encenador Jean-Pierre Sarrzac. Em 2001, lançou seu primeiro romance e em 2012 escreve A Morte do Rei Tsongor, editado no Brasil em 2013.

Trata-se se um romance épico trágico, com a ação num reino imaginário da África. Sucesso de crítica e público, a obra foi agraciada com o Prêmio Gouncourt des Lycéens. No ano seguinte, Gaudé conquista o Prêmio dos Livreiros franceses, belgas, suíços e canadenses. Foi considerado pelo conceituado jornal L’Express um dos melhores livros de 2002. Em 2004, com o romance, O Sol dos Scorta, recebeu o Prêmio do Romance Populista e o Prêmio Gouncourt, o mais importante prêmio literário francês.

 

Ficha Técnica 

Texto: Laurent Gaudé

Direção: Ana Teixeira e Stephane Brodt

Elenco: André Lemos, Ariane Hime, Graciana Valladares, Luciana Lopes, Reinaldo Junior, Robson Feire, Sergio Loureiro, Sol Miranda, Tatiana Tibúrcio e Thiago Catarino

Músico: Fábio Simões Soares

Luz: Renato Machado

Assistente de Direção: Vanessa Dias

Coreografias: Tatiana Tibúrcio

Cenário e Figurino: Ana Teixeira e Stephane Brodt

Bonecos: Maria Adélia

Tradução: Ana Teixeira

Revisão do Texto: Sol Miranda

Intercâmbio: Mestre Jorge Antonio Dos Santos, Marcio Antonio Dos Santos e Fabiano dos Santos

 

Serviço:

SALINA (A ÚLTIMA VÉRTEBRA)
Amok Teatro (Rio de Janeiro – RJ)
Dias 15 e 16 de agosto
20h30
Espaço Petrobras  (Av. Celso Garcia Cid, 1489)
Drama
Classificação indicativa: Adulto
Duração:  3h30 (com intervalo)

 

Festival Internacional de Londrina – FILO 2015 – De 14 a 30 de agosto
Promoção: Associação dos Amigos da Educação e Cultura Norte do Paraná e Universidade Estadual de Londrina
Direção: Luiz Bertipaglia
Patrocínio: Petrobras, Prefeitura de Londrina / Secretaria Municipal da Cultura / Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic), Caixa Econômica Federal, Copel/Governo do Estado do Paraná, Unimed Londrina, Horizon – John Deere e Ministério da Cultura / Governo Federal /Lei Federal de Incentivo à Cultura.
Apoio: SESI Londrina, Royal Plaza Shopping, W2 Digital, Bar Valentino, Fecomércio PR/SESC, M&M Brasil, UEL FM, Doce Sabor, RPC, Fundação Cultural de Ibiporã, Itamaraty e Geleia Mob APP.
Realização: Ministério da Cultura / Governo Federal