Espetáculo solo ‘Apuntes sobre la Frontera’, da mexicana Violeta Luna, será apresentado nesta quinta e sexta-feira, às 21 horas, na Divisão de Artes Cênicas da Casa de Cultura UEL

Abrindo a programação internacional do FILO 2023, o espetáculo “Apuntes de la Frontera”, da mexicana Violeta Luna, será apresentado nesta quinta e sexta-feira, às 21 horas, na Divisão de Artes Cênicas da UEL.  Montagem aborda o tema da imigração na comunidade latina e seus complexos desafios.

Atriz, performer e ativista, Violeta Luna está participando pela primeira vez do FILO. Desde 2005, ela se apresenta em festivais pelo Brasil e afirma se sentir uma privilegiada por poder compartilhar seu trabalho também em Londrina. “Este tema é complexo e diz muito para todos nós, de formas variadas. Cada vez mais as pessoas têm necessidade de abandonar seus países de origem em busca de melhores condições de vida. No caso da imigração mexicana, atualmente mulheres e seus filhos pequenos também enfrentam esse desafio”, destaca.

Há 17 anos morando em São Francisco, na Califórnia, como imigrante legalizada e integrando o coletivo de artistas Secos & Mojados (‘Secos e Molhados’), Violeta conta que sempre se sentiu particularmente tocada pelo tema da imigração e seus desafios. O nome do coletivo faz referência às duas situações extremas do processo imigratório na fronteira entre México e Estados Unidos: quando as pessoas precisam atravessar a pé o deserto ou a nado, pelo Rio Grande. Esses imigrantes são pejorativamente denominados de “mojados” ou “espalda mojadas” (‘costas molhadas’) – ou em inglês, “wet back”.

A partir de 2007, Violeta deu início a uma pesquisa de trabalho que resultou no projeto “Tríptico”, em que são abordados diversos estágios do processo imigratório: desde a decisão de sair do país de origem, a recepção e criminalização do imigrante, até o conflito de pertencimento quando já se está adaptado ao novo país. Este trabalho também inclui a atuação junto a comunidades de imigrantes mexicanos nos Estados Unidos.

Teatro expandido

“Mais do que um conflito de identidade, é um estado de between, de estar entre dois mundos. É um estado híbrido em que se reconhece de um lado e não se reconhece de outro. É um estado complexo, rico, em que a hibridez pode gerar expressões como esta performance, que chamo de teatro expandido por sua interdisciplinariedade”, ressalta.

Em seu solo, Violeta atua tendo seu corpo como a expressão de espaço político. “O nosso corpo guarda marcas das nossas histórias e nessa performance reforço isso”, comenta. Como parte da pesquisa dramatúrgica, ela destaca a história de Rosa Molina, que migrou de El Salvador durante a guerra para os Estados Unidos, submetendo-se muitas vezes a condições desumanas para sobreviver.

Rosa é mãe do músico David Molina, que integra a equipe e é responsável pela música original. “Foi a primeira vez que ela expôs essa história em 22 anos. Ainda me emociono quando falo disso. Tivemos acesso a muitas histórias fortes, dolorosas, e realmente as mulheres são muito resilientes e guerreiras”, desabafa.

A narrativa textual representa a história de muitos que são forçados a deixar suas casas, esmagados por violentos processos políticos, econômicos e sociais. Em Londrina, Violeta Luna também ministrou a oficina “El cuerpo en acción: direcciones para una cartografia”, no Sesc Cadeião, como parte da programação de atividades formativas do festival.

Ana Paula Nascimento
Assessoria de Comunicação FILO

 

 

Ficha Técnica:

Conceito / Performance / Objetos e Figurino: Violeta Luna.
Vídeos: Mickey Tachibana.
Música Original: David Molina.
Conceito / Codireção: Roberto G. Varea.