Espetáculo ‘Desfazenda – Me enterrem fora deste lugar’, do coletivo O Bonde, de São Paulo, tem apresentações nesta sexta e sábado, às 20h30, no Teatro Ouro Verde

O espetáculo “Desfazenda – Me enterrem fora deste lugar”, do coletivo O Bonde, de São Paulo, leva ao público do FILO 2023 montagem inspirada em uma história real, descrita no documentário “Menino 23 – Infâncias perdidas no Brasil”, de Belisario Franca. As apresentações serão realizadas nesta sexta e sábado, às 20h30, no Teatro Ouro Verde, em Londrina. Os ingressos estão à venda a R$ 40,00 (inteira) e R$ 20,00 (meia-entrada) pela plataforma Sympla https://www.sympla.com.br/produtor/filo.

Com direção de Roberta Estrela D´Alva e dramaturgia de Lucas Moura, o espetáculo estreou em 2020 em formato peça-filme, em versão on-line, devido ao contexto pandêmico. No ano passado, a montagem foi transportada para o teatro, com apresentações presenciais, recebendo vários prêmios da cena teatral paulistana.

Em cena, os atores Ailton Barros, Filipe Celestino, Jhonny Salaberg e Marina Esteves dão vida aos personagens 12, 13, 23 e 40, quatro pessoas pretas salvas da guerra por um padre branco quando crianças. Desde então, elas vivem na fazenda do padre e cuidam das tarefas diárias, supervisionadas por uma figura enigmática. O padre nunca sai da capela, a guerra nunca atingiu a fazenda e quando os porquês são questionados, o sino toca e lembra que é hora da oração ou do trabalho. Até que um estranho vulto chega à fazenda, o silêncio é quebrado e o segredo revelado.

Ao utilizar a linguagem do spoken word (em inglês, ‘palavra-falada´), uma performance artística que se utiliza de narrativa rimada e musicada, o grupo propõe uma forma diferente de trabalhar a narratividade. “O nosso foco é aproximar, por meio de narrativas, o público de fatos reais, de genocídios, envolvendo a comunidade negra”, explica a produtora Jack dos Santos. O coletivo foi formado em 2017, reunindo artistas negros e periféricos formados em diferentes períodos na Escola Livre de Teatro de Santo André, em São Paulo.

O espetáculo é a segunda montagem do projeto “Trilogia da Morte”. A primeira foi o infantil “Quando eu morrer, vou contar tudo a Deus”, lançada em 2018, e que aborda a história real de um menino de oito anos, da Costa do Marfim, encontrado escondido em uma mala na qual deveria cruzar a fronteira entre o Marrocos e o enclave espanhol de Ceuta, em 2015. “Já estamos ensaiando a nossa terceira montagem, que desta vez irá abordar uma história real envolvendo a temática de velhice. A estreia deverá acontecer no segundo semestre”, adianta a produtora.

A temática de “Desfazenda – Me enterrem fora desse lugar” parte de tese de doutorado de Sidney Aguillar, que relata fato verídico de um grupo de 50 meninos negros que foram retirados de um orfanato do Rio de Janeiro e submetidos a trabalhos forçados, isolamento social e castigos físicos em uma fazenda no interior de São Paulo. No local, foram descobertos tijolos marcados com suásticas nazistas.

A dramaturgia envolve uma colagem de pesquisas que se propõe a investigar o processo de descobrir-se uma pessoa negra em um país que tem todas as suas relações eivadas pelo ideário escravocrata, pelas mazelas dessas relações e o que isso significa em históricos sociais e culturais.

Ana Paula Nascimento
Assessoria de Comunicação FILO

Ficha Técnica:

Direção: Roberta Estrela D’Alva.
Dramaturgia: Lucas Moura.
Elenco: Ailton Barros, Filipe Celestino, Jhonny Salaberg e Marina Esteves.
Vozes Mãe e Criança: Grace Passô e Negra Rosa.
Direção Musical: Dani Nega e Roberta Estrela D’Alva.
Produção Musical: Dani Nega.
Músicas “Saci” e “Tocar o Gado”: Dani Nega e Lucas Moura.
Sample “Menino 23”: Belisário Franca.
Treinamento e Desenho de Spoken Word: Roberta Estrela D’Alva.
Cenografia e Figurino: Ailton Barros.
Desenvolvimento de figurino: Leonardo Carvalho.
Desenho de Luz: Matheus Brant.
Montagem de Luz: Alírio Assunção e Matheus Espessoto.
Operação de Luz: Matheus Brant e Matheus Espessoto.
Técnico de som: Hugo Bispo.
Artista Gráfico: Murilo Thaveira.
Cenotecnia: Douglas Vendramini e Helen Lucinda.
Produção: Jack dos Santos – José de Holanda Corpo Rastreado.

Duração: 70 minutos.
Classificação etária: 14 anos.

Ingressos: https://filo.art.br/tst_bilheteria/

 

(Crédito/foto: José de Holanda)