Filo 2025
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Armazém apresenta “Brás Cubas” no Ouro Verde neste fim de semana

 Premiada companhia criada em Londrina e radicada no Rio de Janeiro encerra a programação do FILO neste sábado e domingo, às 20h30

A Armazém Companhia de Teatro, do Rio de Janeiro, que iniciou os seus trabalhos em Londrina, em 1987, mais uma vez participa do Festival Internacional de Londrina – FILO, agora com seu mais recente espetáculo, “Brás Cubas”. As apresentações acontecem sábado e domingo, às 20h30, no Cine Teatro Ouro Verde, encerrando a etapa de fevereiro do Festival. Os ingressos estão esgotados. A sessão de sábado contará com intérprete de LIBRAS.

Com dramaturgia de Maurício Arruda Mendonça, “Brás Cubas” é a versão cênica do diretor Paulo de Moraes para a obra-prima de Machado de Assis, que traz o Bruxo do Cosme Velho para o centro de cena, como personagem. A nova montagem da Armazém tem elenco formado por Sérgio Machado, Jopa Moraes, Bruno Lourenço, Isabel Pacheco, Felipe Bustamante e Aline Deluna, iluminação de Maneco Quinderé, cenografia de Carla Berri e Paulo de Moraes, figurinos de Carol Lobato e direção musical de Ricco Vianna. 

Foi a partir de 1881, com Memórias Póstumas de Brás Cubas, seguido por Quincas Borba, Dom Casmurro, Esaú e Jacó e Memorial Aires que Machado de Assis começou a desenvolver seu extraordinário realismo psicológico, permeando seus romances com impetuoso sarcasmo. Memórias Póstumas de Brás Cubas é considerado um romance original desde a sua dedicatória “ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver” e prossegue na ideia de um defunto autor que, para fugir ao tédio do túmulo, escreve suas memórias. 

Brás Cubas é um dos personagens mais icônicos da literatura brasileira. Tratar de um personagem pretensioso e prepotente, um recordista de fracassos, que tem uma aversão por si mesmo absolutamente merecida – e que nos fala tanto sobre a formação da elite brasileira – era muito sedutor. Mas traduzir a experimentação formal de Machado para o palco – conversando com o público de hoje – me parecia desafiador. Porque Machado escreve com um nível de sutileza raro. Então, com certeza o nosso grande embate durante a descoberta da peça tem sido como fazer com que essa literatura sutil se transforme numa ação dramática contundente”, ressalta o diretor Paulo de Moraes.

A dramaturgia de “Brás Cubas”, assinada por Maurício Arruda Mendonça, é uma adaptação do romance de Machado de Assis – mas não no sentido clássico, porque insere o próprio autor na peça, como personagem. “O espetáculo tem uma certa vinculação com o sonho. A gente constrói essa história como se estivéssemos dentro da casa do Machado, acompanhando a sua criação. E o ponto central da nossa adaptação é o delírio que o personagem do Brás tem momentos antes de sua morte”, comenta Moraes.

A peça da Armazém desmembra o personagem Brás Cubas em dois. Sérgio Machado interpreta Brás Cubas desde seu nascimento até sua morte (não necessariamente nessa ordem) e Jopa Moraes assume Brás Cubas já como o defunto que narra suas memórias póstumas. “Esse defunto está pouco vinculado ao século 19, quer e precisa se comunicar com as pessoas de agora”, comenta o diretor. 

A dramaturgia tem uma estrutura em três planos: o plano da memória – que são as cenas vividas por Brás; o plano da narrativa – onde entram as divagações e reflexões do defunto; e um terceiro plano em que o próprio Machado de Assis (vivido por Bruno Lourenço) invade sua narrativa com comentários que visam conectar contemporaneamente suas críticas à sociedade brasileira. 

“Nosso Machado não é um personagem biográfico. Embora todas as questões que o personagem coloque na peça tratem de assuntos sobre os quais Machado escreveu, estão colocadas em contextos diferentes. É uma brincadeira a partir de detalhes biográficos. Um personagem imaginário tentando se comunicar com o nosso tempo”, conta Moraes. 

“E é muito interessante poder trazer ao palco a negritude do Machado de Assis, que durante muito tempo foi racializado, embranquecido, para a juventude preta de hoje, ainda mais em um momento que o mundo está descobrindo as traduções de Machado de Assis”, complementa o ator Bruno Lourenço. 

Já o ator Jopa Moraes, que interpreta Brás Cubas como defunto, destaca a interação do espetáculo: “O tempo todo a plateia é convidada a refletir, irônica e criticamente, sobre os acontecimentos apresentados de forma dramática devido às interações que o meu personagem faz”, adianta.

Premiações – “Brás Cubas” venceu o Prêmio APTR de Teatro, no Rio de Janeiro, nas categorias de Melhor Espetáculo e Melhor Direção, além de ter sido indicado também para Melhor Dramaturgia, Cenografia e Jovem Talento. O espetáculo também foi indicado em São Paulo ao Prêmio APCA de Teatro nas categorias de Espetáculo e Dramaturgia, e ao Prêmio Shell de Melhor Ator (Bruno Lourenço) e Melhor Cenografia. 

Em outubro de 2023, o espetáculo participou do Festival Internacional de Teatro de Wuzhen, na China. Em outubro e novembro de 2024, do Pacific International Theatre Festival, em Vladivostok, na Rússia; além de realizar turnê nas cidades de Shanghai, Beijing e Foshan, na China.


Foto/divulgação: Mauro Kury 

 

FICHA TÉCNICA

“Brás Cubas”, com Armazém Companhia de Teatro (Rio de Janeiro/RJ)

Duração do espetáculo: 110 min

Classificação indicativa: 14 anos

Com intérprete de LIBRAS na sessão do dia 15/02

Direção: Paulo de Moraes | Dramaturgia: Maurício Arruda Mendonça | Montagem:  Armazém Companhia de Teatro | Elenco: Sérgio Machado, Jopa Moraes, Bruno Lourenço, Isabel Pacheco, Felipe Bustamante e Aline Deluna | Músico em cena: Ricco Viana | Cenografia: Carla Berri e Paulo de Moraes | Iluminação: Maneco Quinderé | Figurinos: Carol Lobato | Direção Musical: Ricco Vianna | Preparação Corporal: Patrícia Selonk e Paulo Mantuano | Colaboração na Dramaturgia: Paulo de Moraes | Designer Gráfico: Jopa Moraes | Fotografias: Mauro Kury |  Cabeça do Hipopótamo: Alex Grilli | Assessoria de Imprensa: Ney Motta | Direção de Produção: Patrícia Selonk | Produção: Armazém Companhia de Teatro

SERVIÇO:

“Brás Cubas”, com Armazém Companhia de Teatro (Rio de Janeiro/RJ)

Quando: 15/02 (com intérprete de LIBRAS) e 16/02, às 20h30

Onde: Cine Teatro Ouro Verde (Rua Maranhão, 85)

Ingressos: ESGOTADOS

 

Festival Internacional de Londrina – FILO

Realização: Usina Cultural

Apoio: Casa de Cultura da Universidade Estadual de Londrina, Rádio UEL FM e Folha de Londrina

Patrocínio: Prefeitura de Londrina / Secretaria Municipal da Cultura / Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic)