TODO O ENCANTO DE PIRANDELLO
Uma fábula do autor clássico italiano, dirigida por Gabriel Vilella, revela o valor da poesia e da arte em um mundo cada vez mais desolador
Em sua 21ª montagem, a companhia celebra o retorno da parceria com o diretor Gabriel Villela, que assina espetáculos marcantes do grupo, como “Romeu e Julieta” (1992) e “A Rua da Amargura” (1994).O valor da poesia e da arte tem um quê de mágico, que o teatro consegue transformar em realidade, como no espetáculo “Os Gigantes da Montanha”, do Grupo Galpão (Belo Horizonte – BH). A grandiosa montagem é destaque na programação do FILO 2015, dias 20 e 21, no Espaço Petrobras.
Uma alegoria do autor clássico, o italiano Luigi Pirandello (1867-1936), que renovou o teatro, com humor e originalidade. O dramaturgo, que morreu em Roma, ganhou o Prêmio Nobel de Literatura de 1934. No FILO, através da montagem do Galpão, ressurge conversando com o mundo moderno, preso ao materialismo.
Autor conhecido por seus questionamentos em relação ao fazer teatral e aos elementos da carpintaria cênica, Pirandello extrapola os limites do palco italiano, o que se traduz em mais um desafio instigante para o Galpão.
Pirandello não terminou de escrever a peça ao morrer de pneumonia, em 1936. “Os Gigantes da Montanha” é encenada em dois atos.
Uma companhia teatral decadente chega a uma vila isolada, cheia de encantos e governada por um mago. A trupe de mambembes está à beira da miséria por obsessão de sua primeira atriz, a condessa Ilse, em montar a peça “A Fábula do Filho Trocado”, escrita por um jovem poeta que se matou por amor não correspondido da condessa.
Impossibilitado de terminar o texto por causa da doença, Pirandello chamou o filho Stefano e lhe contou um possível final para a fábula, construindo uma alegoria sobre o valor do teatro e sua capacidade de comunicação com um mundo cada vez mais pragmático e materialista. Seria a sugestão para um terceiro ato.
O fascínio pela falta de conclusão da fábula atraiu o Galpão, porque lhe dá uma característica de obra aberta, oferecendo múltiplas leituras e interpretações.
Um texto que foi uma escolha do diretor, Gabriel Villela para celebrar o reencontro com o grupo.
Gabriel e sua equipe se utilizam de máscaras inspiradas na Commedia Del’Arte e fabricadas pelo artista natalense Shicó do Mamulengo para trazer à encenação um clima burlesco e, ao mesmo tempo, sombrio.
Na peça, Cotrone, o mago criador de “Verdades que a Consciência Rejeita”, começa a construir os personagens que faltam para a companhia montar a peça. Convida os atores a permanecerem sempre na vila, representando apenas para si mesmos a “Fábula do Filho Trocado”.
Ilse insiste que a obra deve viver entre os homens, sendo representada para o público. A solução encontrada, que resultará no desfecho trágico, é a representação para os chamados “Os Gigantes da Montanha”, povo que vive próximo da vila.
Os gigantes, por terem um espírito fabril e empreendedor, desenvolveram muito os músculos e se tornaram bestiais, não valorizando a poesia e a arte.
O ato final da peça, que ficou inconcluso, mas que chegou a ser vislumbrado pelo autor, descreve a cena em que Ilse e a poesia são trucidadas pelos embrutecidos gigantes.
“Gigantes da Montanha” conferiu ao Galpão, em 2013, o Prêmio Melhores do Ano pelo Guia Folha de S. Paulo, na categoria Melhor Estreia, e o Prêmio Questão de Crítica, na categoria Melhor Direção Musical – Trilha Sonora Original.
Premiações que se entendem ao circuito teatral 2015, como o Prêmio Copasa Sinparc de Artes Cênicas, na categoria Maior Público – Melhor Figurino.
O Grupo Galpão conta com o patrocínio da Petrobras. Foram muitos espetáculos montados, temporadas nacionais, turnês por todas as regiões do Brasil e participações em festivais. Maior empresa brasileira e maior patrocinadora das artes e da cultura no país, a Petrobras sempre apostou no compromisso do Galpão: reinventar a vida através da arte, possibilitando ao maior número de pessoas a vivência do teatro como alegria e transformação.
FICHA TÉCNICA
Direção: Gabriel Villela
Texto: Luigi Pirandello
Tradução: Beti Rabetti
Dramaturgia: Eduardo Moreira e Gabriel Villela
Elenco: Beto Franco, Luiz Rocha (ator convidado), Regina Souza (atriz convidada), Antonio Edson, Arildo de Barros, Eduardo Moreira, Inês Peixoto, Júlio Maciel, Lydia Del Picchia, Paulo André, Simone Ordones, Teuda Bara
Assistente de direção: Ivan Andrade e Marcelo Cordeiro
Antropologia da voz, direção e análise do texto: Francesca Della Monica
Direção, arranjos e preparação musical: Ernani Maletta
Assistente de ensaios e planejamento: Lydia Del Picchia
Preparação vocal e texto: Babaya
Iluminação: Chico Pelúcio e Wladimir Medeiros
Figurino: Gabriel Villela, Shicó do Mamulengo e José Rosa
Coordenação artística do Ateliê Arte e Magia: José Rosa
Cenografia: Gabriel Villela, Helvécio Izabel e Amanda Gomes
Pintura do cenário: Daniel Ducato e Shicó do Mamulengo
Programação visual: Dib Carneiro Neto, Jussara Guedes e Suely Andreazzi
Assistente de cenário: Amanda Gomes
Adereços: Shicó do Mamulengo
Costureiras: Taires Scatolin e Idaléia Dias
Design sonoro: Vinícius Alves
Logotipo do espetáculo: Carlinhos Müller
Produção executiva: Beatriz Radicchi
Direção de produção: Gilma Oliveira
Bordado: Giovanna Vilela
Luthier: Carlos Del Picchia
Fotografia: Guto Muniz
Produção: Grupo Galpão
Os Gigantes da Montanha
Grupo Galpão (Belo Horizonte, MG)
Dias 20 e 21 de agosto – 20h30
Espaço Petrobras (Av. Celso Garcia Cid, 1489)
Fábula Trágica
Classificação indicativa: Livre (a partir de 8 anos)
Duração: 90 min
Festival Internacional de Londrina
De 14 a 30 de agosto
Promoção: Associação dos Amigos da Educação e Cultura Norte do Paraná e Universidade Estadual de Londrina
Direção: Luiz Bertipaglia
Patrocínio: Petrobras, Prefeitura de Londrina / Secretaria Municipal da Cultura / Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic), Caixa Econômica Federal, Copel/Governo do Estado do Paraná, Unimed Londrina, Horizon – John Deere e Ministério da Cultura / Governo Federal /Lei Federal de Incentivo à Cultura.
Apoio: SESI Londrina, Royal Plaza Shopping, W2 Digital, Bar Valentino, Fecomércio PR/SESC, M&M Brasil, UEL FM, Doce Sabor, RPC, Fundação Cultural de Ibiporã, Itamaraty e Geleia Mob APP.
Realização: Ministério da Cultura / Governo Federal