Delicadeza em tempos de cólera

 

Circolando, de Portugal, cria partitura corporal para falar sobre as crises que assolam o mundo e mostrar que a esperança teima em existir

 
O diretor português André Braga (foto: Milton Dória/FILO)

Em tempos assombrados por crises econômicas e sociais, conflitos bélicos e ideológicos e, em que o futuro é mais incerto do que se pode imaginar, a vida insiste em pulsar e o amor renascer em meio aos escombros.  Nesse cenário de desolação, gestos delicados intercalados com movimentos intensos buscam traduzir a esperança de um mundo melhor.  É isso que o grupo Circolando, de Portugal, apresenta no espetáculo “Paus e Pétalas”, que estreia na programação do FILO 2015 nesta quarta-feira (20), às 20 horas, na Divisão de Artes Cênicas/Casa de Cultura da UEL (Av. Celso Garcia Cid, 205). A montagem poderá ser vista também nos dias 21 e 22 de agosto, no mesmo horário e local.

O diretor André Braga, que também está no palco nesse espetáculo, conta que este novo trabalho surgiu de reflexões do grupo acerca da crise que atinge Portugal, a Europa e todo o mundo.  “Queríamos trabalhar nesta ideia de ruína e de incerteza quanto ao futuro, num tempo em que tudo está partido. Mas que, mesmo em meio aos escombros, ainda existem pequenas plantas que insistem em brotar”, ilustra.

O espetáculo coloca no palco um casal – um homem e uma mulher (mas, segundo o diretor, que poderiam ser dois homens ou duas mulheres, pois não se trata de um espetáculo sobre uma história de amor).  “Isso é o que menos nos interessa. São duas pessoas que representam a atração e repulsa, a fusão da pedra e da planta, o entrelaçamento dos corpos. Estamos lá por sermos humanos, que é o material de que dispomos”, afirma.

O cenário busca representar esses tempos incertos, com móveis quebrados, entulhos restantes de uma casa em ruínas, uma atmosfera de desolação e, como contraponto, flores espalhadas por todo o espaço. E, como as flores mais belas, em dois momentos da trama corporal surgem duas crianças em meio ao caos. “Elas representam o renascimento. Apesar de dura, a peça busca uma esperança, tem um otimismo”, diz  Braga.

O menino Luis, de quatro anos, é filho de Braga, e a pequena Ana Magali, de apenas dois anos, é filha da atriz-bailarina África Martinez. “A participação de Magali é mais rápida, e simplesmente a deixamos estar, é um jogo para ela. Já com o Luis, que tem um pouco mais de entendimento sobre o que se passa, é necessário um trabalho de direção”, comenta.

“Paus e Pétalas”, em termos de linguagem, é uma fusão da dança com o teatro. “Não é uma dança de forma. É mais emotiva, por isso também é teatro, apesar de termos pouco texto em apenas uma cena. A música é muito importante na montagem”, revela o diretor. Ele conta que as composições são originais, feitas especialmente para o espetáculo.

O Circolando foi fundado em 1999, na cidade de Porto, por Braga e sua esposa, Cláudia Figueiredo, que divide com ele a direção do espetáculo.  O grupo não tem um elenco fixo e trabalha com artistas convidados a cada montagem. “Foi a maneira que encontramos para sempre renovar nossos trabalhos”, observa.  O espetáculo “Paus e Pétalas” é uma coprodução do Circolando com o Centro Cultural Viva Flor, o Teatro Nacional São João e Teatro Municipal São Luiz.

Ficha técnica

Direção artística: André Braga e Cláudia Figueiredo

Interpretação: André Braga e África Martinez

Participação especial: Luís Braga e Ana Magalí Martinez

Coreografia, dramaturgia, espaço cênico e figurinos: André Braga, Ainhoa Vidal, Cláudia Figueiredo

Composição musical: Pedro Gonçalves e João Cardoso

Músicos: Pedro Gonçalves, João Cardoso e Alexandre Frazão

Reedição sonora: André Pires

Construção plástica: Nuno Brandão

Desenho e operação de luz: Francisco Tavares Teles

Desenho e operação de som: André Pires

Produção: Ana Carvalhosa

Coprodução: Circolando, São Luiz Teatro Municipal, Centro Cultural Vila Flor, TNSJ

Residência de criação: Centro Cultural Vila Flor

Fotografia: Susana Neves

Serviço:

 

Paus e Pétalas

Circolando (Portugal)

Dias 20, 21 e 22 de agosto – 20 horas
Divisão de Artes Cênicas – Casa de Cultura da UEL (Av. Celso Garcia Cid, 205)

Dança-teatro

Classificação indicativa: 12 anos

Duração: 70 minutos

Festival Internacional de Londrina – FILO 2015 – De 14 a 30 de agosto
Promoção: 
Associação dos Amigos da Educação e Cultura Norte do Paraná e Universidade Estadual de Londrina
Direção: Luiz Bertipaglia
Patrocínio: Petrobras, Prefeitura de Londrina / Secretaria Municipal da Cultura / Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic), Caixa Econômica Federal, Copel/Governo do Estado do Paraná, Unimed Londrina, Horizon – John Deere e Ministério da Cultura / Governo Federal /Lei Federal de Incentivo à Cultura.
Apoio: SESI Londrina, Royal Plaza Shopping, W2 Digital, Bar Valentino, Fecomércio PR/SESC, M&M Brasil, UEL FM, Doce Sabor, RPC, Fundação Cultural de Ibiporã, Itamaraty e Geleia Mob APP.
Realização: Ministério da Cultura / Governo Federal