Grupo mineiro sobe ao palco do Teatro Mãe de Deus às 20 horas, dentro da Mostra Nacional do FILO 50+1

Enquanto celebram a vida e preparam a última sopa, sete pessoas partilham angústias, algumas esperanças e muitos nós. A 23ª montagem do Grupo Galpão, que chega ao FILO 50+1 na programação deste domingo (3 de novembro) da Mostra Nacional de Artes Cênicas, debate questões atuais, como violência, diversidade, intolerância e a convivência com a diferença, a partir de uma dimensão política.  O espetáculo será apresentado no Teatro Mãe de Deus (Av. Rio de Janeiro, 670), às 20 horas.

No espetáculo, a plateia é convidada a presenciar situações de opressão e de convívio com a diferença, provocadas pelas relações de proximidade entre artista e espectador, ator e personagem, cena e plateia, público e privado, realidade e ficção. No palco, Antonio Edson, Beto Franco, Eduardo Moreira, Júlio Maciel, Lydia Del Picchia, Paulo André e Teuda Bara, neste espetáculo dirigido por Marcio Abreu.

O que o púbico pode esperar deste espetáculo? “NÓS somos nós, esse coletivo de mais de 30 anos de existência e nós, seres humanos e artistas de teatro para lá do cinquenta, com suas perplexidades, questões, angústias, algumas esperanças e muitos nós”, explica o ator Eduardo Moreira.

Considerado pelo jornal O Globo como um dos melhores espetáculos de 2016, “Nós” dá início à parceria do Galpão com Marcio Abreu, que também assina a mais recente montagem do grupo, “Outros”.

Em cena, noções de proximidade e convivência. Proximidade entre ator e espectador, cena e plateia, ator e personagem, ser-social e ser-poético, realidade e ficção. Convivência entre diferenças, onde o outro dá a dimensão da nossa existência. Pontes entre teatro, performance, música e literatura. E, ainda, entre as dimensões do que é privado e o que é público, do que está dentro e do se apresenta fora. “Nós” propõe uma encenação que afirma a convivência com o público, no momento da apresentação, como elemento dramatúrgico, e ao mesmo tempo, sua presença, como ato criativo.

Para chegar nesse resultado, tudo começou em 2014, quando Marcio Abreu foi convidado para a direção de “Nós”. Na época os atores se entregavam a exercícios solo, com o objetivo de contemplar desejos individuais e criar alternativas para um projeto coletivo. O diálogo e o confronto entre o coletivo e os anseios de cada artista se manifestavam de maneira urgente, num grupo de atores com mais de três décadas de convivência artística diária.

Assim que começaram os ensaios em agosto de 2015, o diretor foi indagado sobre que tipo de espetáculo vislumbrava construir em parceria com o Galpão. A resposta foi direta e precisa: “um trabalho político”. Segundo o artista carioca, responsável pela direção de produções recentes como “Krum” e “Projeto Brasil”, ambos realizados em 2015 com a Companhia Brasileira de Teatro, “o Galpão é um dos primeiros grupos de trabalho continuado, com patrocínio em longo prazo, planejamento, turnês internacionais e circulação por todo país”, e acrescenta: “em tanto tempo de estrada, o Grupo criou um centro cultural, o Galpão Cine Horto, onde muita gente se forma e se recicla, onde festivais acontecem, espetáculos de toda parte se apresentam, artistas se encontram, ideias são fomentadas e reverberam na cidade de Belo Horizonte e pelo Brasil afora. Por tudo isso, assumiu uma dimensão política e hoje pertence ao imaginário teatral brasileiro como uma referência”.

Esse desejo essencial norteou a elaboração de uma dramaturgia própria, criada a partir de improvisos, tomando como tema a reação do coletivo de atores diante das pressões exercidas pelo mundo sobre cada um deles. Durante o processo, foi experimentado o significado de estar dentro e ser colocado para fora e vice-versa. Situações intimamente conectadas à utopia de se conviver com as diferenças, sem que fossem emitidos juízos de valor.

Os atores mergulharam ainda em diversas leituras de textos contemporâneos, como “Programa de Televisão” de Michel Vinaver e “Ódio à Democracia” de Jacques Rancière, entre outros. Marcio provocou questões que foram fundamentais para definir qual caminho seguir na estruturação do texto e da encenação: “o que podemos fazer juntos?” e “de que maneira respondemos ou reagimos ao mundo como ele nos chega hoje?”, perguntas às quais sempre recorria no decorrer dos ensaios.  Para o diretor, “buscar uma abordagem política num trabalho de criação é pensar não só no que dizer, mas como dizer, e nesse sentido, a forma dos textos é tão fundamental quanto o conteúdo. Assim podemos encontrar uma zona de diálogo mais intenso entre nós e entre nós e o mundo lá fora”.

Nesse contexto, a criação teatral seria um ato de pura incompletude, em que se faz necessário recomeçar sempre, mesmo que não se saiba nem como, nem por quê. “Obstinado como o próprio “fazer teatral”, ofício de que não desistimos nunca e continuamos em frente, mesmo que os tempos pareçam demasiado sombrios. Ato pelo qual esperamos sempre reafirmar que seguimos vivos, ato de reinvenção”, completa, Eduardo Moreira.

O GRUPO GALPÃO – Criado em 1982 e com 24 espetáculos na bagagem, o Grupo Galpão – que é patrocinado pela Petrobras – tem sua origem ligada à tradição do teatro popular e de rua. Desenvolve um teatro que alia rigor, pesquisa e busca de linguagem, com montagem de peças que possuem grande poder de comunicação com o público. Há 22 anos mantendo a mesma formação, composta por 12 atores, o grupo permanece relevante na cena teatral nacional graças à capacidade de adaptação e busca pelo novo, características que fazem do Grupo Galpão uma das mais reconhecidas companhias de teatro do país.

 

FICHA TÉCNICA

Elenco: Antonio Edson, Beto Franco, Eduardo Moreira, Júlio Maciel, Lydia Del Picchia, Paulo André e Teuda Bara. Direção: Marcio Abreu. Dramaturgia: Marcio Abreu e Eduardo Moreira. Cenografia: Play Arquitetura – Marcelo Alvarenga. Figurino: Paulo André. Iluminação: Nadja Naira. Trilha e efeitos sonoros: Felipe Storino. Assistência de direção: Martim Dinis e Simone Ordones. Preparação musical e arranjos vocais/instrumentais: Ernani Maletta. Preparação vocal e direção de texto: Babaya. Colaboração artística: Nadja Naira e João Santos. Assistência de figurino: Gilma Oliveira. Assistência de cenografia: Thays Canuto. Cenotécnica e construção de objetos: Joaquim Pereira e Helvécio Izabel. Operação e assistência de luz: Rodrigo Marçal. Operação de som: Fábio Santos. Assistente técnico: William Teles. Assistente de produção: Cleo Magalhães. Confecção de figurino: Brenda Vaz. Técnica de Pilates: Waneska Torres. Fotos de divulgação: Guto Muniz. Imagens escaneadas: Tibério França e Lápis Raro. Registro e cobertura audiovisual: Alicate Conteúdo Audiovisual. Projeto gráfico: Lápis Raro. Design web: Laranjo Design – Igor Laranjo. Produção executiva: Beatriz Radicchi. Direção de produção: Gilma Oliveira. Produção: Grupo Galpão.

O GRUPO GALPÃO É PATROCINADO PELA PETROBRAS.

 

NÓS

Grupo Galpão (Belo Horizonte – MG)

3 de novembro | 20 horas | Teatro Mãe de Deus (Av. Rio de Janeiro, 670)

Classificação indicativa: 16 anos

Duração: 90 minutos

 

 

MOSTRA NACIONAL DE ARTES CÊNICAS FILO 50 +1 

De 24 de outubro a 5 de novembro

Ingressos: R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia-entrada)

Vendas pela internet: Sympla https://www.sympla.com.br/FiloMostraNacionalDeArtesCenicas .

Ponto de vendas central: Loja Ciranda (Rua Prefeito Hugo Cabral, 656) – Horário de funcionamento: segunda a sexta, das 9 às 18 horas, e sábados, das 9 às 13 horas.

 

Patrocínio: Prefeitura Municipal de Londrina – Secretaria Municipal de Cultura – Programa Municipal de Incentivo à Cultura (PROMIC)

Apoio: Ciranda, Crillon Palace Hotel, Midiograf, Rádio UEL FM, Sanepar, SESI Cultura, Teatro Mãe de Deus e Vila Cultural Cemitério de Automóveis

Realização: Atrito Arte Artistas e Produtores Associados, Palipalan Arte e Cultura e Universidade Estadual de Londrina (UEL).