Espetáculo ‘Sobrevivente’, de Nena Inoue, de Curitiba, terá apresentação única nesta sexta-feira, às 21 horas, na Divisão de Artes Cênicas da UEL

A atriz Nena Inoue, de Curitiba, está de volta ao FILO para única apresentação do espetáculo “Sobrevivente”, nesta sexta-feira (30), às 21 horas, na Divisão de Artes Cênicas da Casa de Cultura da UEL. A montagem é a segunda parte da “Trilogia para adiar o fim”, idealizada pela artista e iniciada com “Para Não Morrer” – espetáculo apresentado na edição 2019 do Festival.

A trilogia tem como foco apresentar histórias verídicas de mulheres. Em “Sobrevivente”, Nena Inoue investiga as origens de seu passado indígena. Descendente de japoneses, a atriz descobre, em 2020, indícios de sua ascendência indígena e reconstrói, por meio do teatro documental, o caminho de sua historiografia. Em “Sobrevivente”, ela atua junto ao filho, Pedro Inoue.

“De forma premonitória, já tínhamos escolhido o nome ‘Sobrevivente’ para a peça, antes da pandemia, mas a intenção era trabalhar um texto ficcional. Com o isolamento pandêmico, acabei tendo contato com essa história pessoal, e decidimos investir nisso. A pandemia acabou ressignificando o nome da peça. E o processo indicou outros caminhos”, conta.

Ao resgatar as origens da avó materna, possivelmente indígena e que teve sua história apagada, a atriz destaca: “Conto a minha história para que outras pessoas olhem para si, seus antepassados, ancestrais, rastros… e tenham coragem de contar as suas”. A avó foi obrigada a casar-se aos 15 anos e trabalhou muito até morrer – em condição análoga à escravidão.  “É aquele tipo de situação de ‘pegar o índio a laço’. Ela foi muito forte, desbravou. Toda família tem alguém que desbrava, abre uma picada. Aqui, eu coloco luz em uma fenda de transgressão, oposição, que foi soterrada”.

Com dramaturgia e direção de Henrique Fontes, que pesquisou os registros familiares da artista, Nena acredita que a montagem honra, de certa forma, todas as mulheres que tiveram suas histórias apagadas, principalmente as afrodescendentes e indígenas que não tiveram suas histórias oficializadas. “Eu me exponho, abro meu peito para que outras mulheres percorram as minhas/suas artérias para descobrirem quem somos”, afirma. “É uma história que dialoga com todos. Há um ressoamento emocionado do espectador porque todos têm ancestralidade”.

A terceira parte da trilogia ainda está em desenvolvimento e deve ser lançada em dois anos. “Gosto do dinamismo da vida. Nada está parado. Nada é definitivo. Vamos ver de que lado o vento sopra e de que lado a gente quer voar. Mas com certeza não vou fugir muito da minha urgência de falar sobre histórias verídicas de mulheres”, adianta.

Ana Paula Nascimento
Assessoria de Comunicação FILO

 

Ficha Técnica

Projeto e Idealização: Nena Inoue.
Dramaturgia e Direção: Henrique Fontes.
Atuação: Nena Inoue e Pedro Inoue.
Ator Operador/Diretor Assistente: Pedro Inoue.
Direção de Texto: Babaya.
Músicas: Lilian Nakahodo.
Cenografia/Figurino/Adereços: Carila Matzenbacher.
Iluminação: Marina Arthuzzi.
Operador de luz: Vitinho Amaral.
Cenotécnico: Nietzsche.
Relato Voz Off: Dráusio Galante, João Paulo de Souza.
Relato Vídeo: Dulce Cândida de Souza.
Assistente de Produção/Ctba: Mattheus Boeck, Alyssa Riccieri.
Costureira: Sandra Francisca Canonico.
Fotografia: Maringas Maciel, Humberto Araujo, Daniel Sorrentino.
Registros Digitais: Trópico Audiovisual (Ctba) / Igor Marotti (SP).
Designer Gráfico: Martin Castro.
Redes Sociais: Platea Comunicação e Arte.
Direção de Produção: Marcos Trindade.
Coordenação Geral: Nena Inoue.
Realização: Teatroca e Espaço Cênico. “Projeto realizado com recursos do Programa de Apoio de Incentivo à Cultura – Fundação Cultural de Curitiba e da Prefeitura Municipal de Curitiba”.

Foto/Divulgação: Maringas Maciel

“Sobrevivente” – Espetáculo de Nena Inoue (Curitiba / PR)
Data: 30 de junho
Horário: 21 horas
Local: Divisão de Artes Cênicas da UEL (R. Piauí, 211), em Londrina
Ingressos à venda aqui