Em 12 dias de programação, o Festival foi prestigiado por um público aproximado de 7,5 mil pessoas e estimulou a economia local

A realização do Festival Internacional de Londrina – FILO 2022 aqueceu o cenário cultural da cidade. De 15 a 26 de junho, mais de 7,5 mil pessoas circularam pelo Festival, que realizou 24 apresentações de 15 espetáculos, além de bate-papos, demonstração de trabalho, oficina e festa. 

Depois de dois anos sem edições, a retomada do FILO é de fundamental importância diante de tanta instabilidade, incertezas e extremismos em que a Cultura, mais uma vez, se alicerça para fazer essa travessia e jogar luz no conturbado momento que atravessa a sociedade. E o público esteve junto, em um reencontro memorável entre plateia, artistas e produtores.

Este ano, o FILO foi realizado pela Associação dos Profissionais de Arte de Londrina (Aspa) em parceria com a Universidade Estadual de Londrina, e com patrocínio da Prefeitura de Londrina, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic).

Para o diretor artístico do FILO, Luiz Bertipaglia, embora com recursos limitados, a programação apresentou um mosaico interessante e propício para o momento. “Vimos o que tem de bom, mas também o que precisamos melhorar. Tocamos em pontos sensíveis para vários nichos do nosso público. Essa é uma das funções do Festival e acredito que a gente atingiu, dessa forma, nosso objetivo. Buscamos pontuar questões que demandam debate na sociedade neste momento”, detalha.

O retorno do Festival e o reencontro com o público foi outro ponto destacado pelo diretor. “A confraternização entre público, pessoas que fazem o festival, artistas e todos que permearam a programação nesses dias nos dá a certeza que o FILO tem grande importância para a cidade. Vimos isso na resposta do público nos agradecimentos, nas sugestões e nos apontamentos às nossas falhas”.

Bertipaglia fala ainda da importância de se ter um olhar crítico sobre o Festival. Seja o público, os artistas ou quem faz acontecer. “O ponto da discordância, da discussão, da crítica tem um papel fundamental. O Festival é o momento para que as pessoas possam debater e propor novas ideias, defender o seu ponto de vista e também conhecer a visão do outro. Quando isso acontece, é sinal que  estamos no caminho”. Esse movimento, na opinião do diretor, reforça o fato de que o FILO tem público experimentado, que sabe avaliar e discutir propostas e ideias. “Por isso precisamos estar sempre antenados, porque a responsabilidade é cada vez maior”.

Alexandre Simioni, coordenador geral da edição de 2002, participa pela primeira vez da comissão organizadora do Festival, ao lado de Gerson Bernardes e Amanda Freire, parceiros da Aspa. “Estamos muito felizes. Além de ser um reencontro do Festival com o público e os artistas, é um reencontro do Festival com a cidade. E também de nós, artistas, com a organização do FILO. Passar esse tempo juntos, pensando juntos, escolhendo espetáculos, esses dias todos loucos de produção, foi muito bom e produtivo”, pontua Simioni.

“Sabemos que foi um festival um pouco menor. Por outro lado, acredito que a gente fez – dentro do possível neste momento – o melhor que podíamos. E foi bonito! As pessoas gostaram, os espetáculos aconteceram, as polêmicas também apareceram. E que bom que trouxeram reflexões”. 

Simioni destaca ainda o empenho da equipe que, apesar de reduzida, fez com que tudo acontecesse dentro do esperado para melhor atender artistas, produtores e público. “Tivemos esse tempo em que todos trabalharam juntos, dividindo funções, todo mundo se ajudou, entendeu as necessidades. É um primeiro passo para ver essa fonte de água que está voltando a brotar. Vamos para os próximos!”, finaliza.

FILO movimenta a economia

Apesar da edição mais enxuta, o Festival de Londrina voltou a movimentar a economia na área cultural. Cerca de 100 profissionais estiveram diretamente envolvidos nesta edição do FILO, entre artistas, técnicos, produtores, comunicadores, motoristas e administradores. Indiretamente, outros setores da economia local também foram favorecidos, como o de transporte, alimentação, comércio e hotelaria. 

Só para alimentar a equipe, artistas, produtores e técnicos convidados, foram cerca de 1.000 vouchers de refeições disponibilizados. Thales Fayad, proprietário do restaurante Kery Grill, foi um dos parceiros do Festival. Entusiasta da cena cultural local, ele aceitou ser um dos apoiadores do FILO por saber da importância e do impacto do evento na cidade. “Sei que pessoas que vieram pela primeira vez aqui por conta do Festival já se tornaram nossos novos clientes”, diz.

Ambulantes também comemoram a época de FILO para aquecer as vendas – tanto os pipoqueiros que ficaram nas portas dos teatros, quanto os que andam pela cidade. Luis Gustavo Lima, 18 anos, aproveitou o público que foi assistir ao espetáculo “Onipotência do Sonho” no Calçadão para oferecer casquinhas trufadas. E as vendas ocorreram rapidamente. “Achei que hoje fosse levar o dia todo, mas pelo jeito vou voltar pra casa mais cedo”, 

A edição de junho do FILO 2022 teve investimento de R$ 350 mil da Prefeitura de Londrina, por meio do Promic. Parte foi destinada à produção do evento, pagamento de cachês dos artistas, técnicos e equipe de trabalho. Outra parcela custeou alimentação de mais de 100 pessoas, hospedagem e transporte aéreo e terrestre. O Festival também investiu na tradução de LIBRAS em todos os espetáculos com fala. 

O FILO 2022 também movimentou hotéis, bares e comércio local durante os 12 dias de evento. Além do público da cidade, o Festival recebeu grupos e pessoas vindas de outras localidades, como São Paulo, Maringá e Porecatu, que compareceram às apresentações. Como foi o caso de dona Marli Pereira da Silva, aposentada que veio de São Paulo especialmente para o FILO. Ela comprou ingressos antecipados para todos os espetáculos, embarcou para Londrina, hospedou-se em um hotel da cidade, foi a restaurantes, conheceu a cidade e fez novos amigos entre os espectadores do FILO. Agora, já prepara a volta para a próxima edição do Festival.