O ator carioca Julio Adrião dividiu com o público do festival a emoção de encerrar a quarentena do teatro

Saudades do FILO. Saudades do Ouro verde. Saudades de assistir a um espetáculo impecável. E saudade dos encontros. Com os outros. Com a nossa história. A noite de abertura do Festival Internacional de Londrina serviu todo esse banquete para o público que lotou o Cine Teatro Ouro Verde na noite da última quarta-feira, 15. Como prato principal, o grande solo “A Descoberta das Américas”, do ator carioca Júlio Adrião, que, não por acaso, está há 17 anos em cartaz.

Ao final de uma hora e vinte entregando tudo no palco e depois de muitos aplausos, Júlio Adrião relembrou sua passagem pelo FILO em 2006 e dividiu que a retomada ao teatro também era dele, como para todos que estavam presentes ali. “Fico muito feliz em participar desse momento importante para todos nós”, comentou. Quem perdeu, ainda pode conferir nesta quinta-feira, 16, às 20h30, no Cine Teatro Ouro Verde, a montagem que narra, com rude ironia, outra versão da nossa história, que leva o público a uma inesperada reflexão sobre o período inicial da colonização do Novo Mundo.  

“Foi uma experiência fantástica! Não tinha trilha sonora, mas você ouvia a música. Tinha um ator em cena, mas você via muitos personagens. Não tinha cenário, mas ele (Júlio Adrião) construía todo o cenário”, opinou Reinaldo Zanardi. Sozinho em cena e sem cenário, com figurino e iluminação reduzidos ao mínimo, Júlio Adrião narra a história dando vida a vários personagens – índios, espanhóis, cavalos, peixes e até Jesus e Madalena -, e usa um vocabulário gestual, mímico e sonoro para criar um pacto de cumplicidade com a plateia.  “Ver um bom ator em cena, cheio de recursos próprios, com uma dramaturgia excelente foi uma escolha acertada para a abertura do FILO”, endossou o ator Paulo Barcellos.

O enredo parte da história de um “Zé-ninguém”, de nome Johan Padan, rústico, esperto e carismático, que escapa da fogueira da inquisição e embarca, em Sevilha (Espanha), numa das caravelas de Cristóvão Colombo. Faz o público rir e, sobretudo, pensar sobre as nossas origens. Para o ator e produtor cultural Eddie Mansan, assistir “A Descoberta das Américas” foi perturbador. “Exatamente por contar a origem da carnificina que a gente vive hoje. Tanto que o riso da plateia, em alguns momentos me incomodava. É um espetáculo muito inteligente”, relata. 

Para quem perdeu a abertura do FILO, “A Descoberta das Américas” ainda tem ingressos disponíveis.

Juliana Boligian
Assessoria FILO

Serviço:

A Descoberta das Américas, com Julio Adrião (Rio de Janeiro)

Quando: 16 de junho, às 20h30

Onde: Cine Teatro Universitário Ouro Verde (Rua Maranhão, 85)

Duração: 80 minutos

Classificação indicativa: 14 anos