Espetáculo “Quando se Calam os Anjos” expressa a indignação frente à indiferença e à violência
O que faz se calarem os anjos? Os anjos em questão somos nós mesmos, humanos vivendo juntos, mas muitas vezes distantes, alheios ao que acontece com o próximo. Para tentar responder tal questão, ou pelo menos fazer um alerta sobre o que está acontecendo, a Curitiba Cia de Dança criou o espetáculo “Quando se Calam os Anjos”, que será apresentado nesta segunda-feira (29), às 20h30, no Teatro Mãe de Deus, dentro da programação do FILO 2016.
A diretora e também bailarina da companhia, Nicole Vanoni, diz que a ideia original do espetáculo era tratar do silêncio das crianças que sofrem abusos das mais variadas formas e se calam. Mas, durante o processo de criação, o tema se estendeu para os abusos sofridos pelas pessoas de maneira geral, principalmente pela desumanização imposta pelo excesso de tecnologia que, ao mesmo tempo em que nos aproxima virtualmente, nos isola na realidade.
“A coreografia aborda a precariedade das relações humanas, o desamparo, a solidão, a existência que se escoa por entre as tramas de uma modernidade falida”, afirma Nicole. Ela conta que a dramaturgia coreográfica parte do que vivemos hoje, com pessoas dominadas pelos smartphones e faz uma viagem no tempo, transportando o espectador para os primórdios da humanidade para, em seguida, lançá-lo para o que pode ser o futuro.
No palco, 12 bailarinos expressam questões que realçam um universo pós-moderno virtual, no qual vários encontros são marcados pelo descaso do outro ou até mesmo pela falência do ser humano. A dramaturgia se constrói a partir da inquietude, ironia, sensualidade e fisicalidade exuberante dos corpos poéticos desta jovem companhia.
Esta obra da Curitiba Cia de Dança tem direção coreográfica de Airton Rodrigues, bailarino e coreógrafo do Ballet Teatro Guaíra. A companhia foi criada em 2013 por Nicole Vanoni e um grupo de artistas de origem e experiências diferentes, unidos pela ideia de experimentação, pesquisa e criação em dança contemporânea, e na diversidade de experiências com outros coreógrafos.
“A obra partiu da indignação com a indiferença frente à violência impregnada na sociedade e o sentimento de impotência que nos tira a responsabilidade por este estados das coisas”, diz Nicole, que dirige e também é bailarina do espetáculo. Para ela, a arte não pode observar esta questão e ficar calada. “Neste sentido, o espetáculo traduz essa angústia, essa incapacidade de lidar e resolver questões nada sutis da vida moderna”, analisa.
FICHA TÉCNICA
Direção Geral e Artística: Nicole Vanoni | Concepção Coreográfica: Airton Rodrigues | Assistente de Direção: Claudio Fontan | Elenco: Ana Claudia Moreira, Antonio Adilson Junior, Betina D’Agnoluzzo, Carlos Matos, Clarissa Cappellari, Leonardo Lino, Luana Teodoro, Marina Teixeira, Nicole Vanoni, Ricardo Alves, Rodrigo Leopoldo, Tatiana Araujo | Ensaiador: Antonio Adilson Junior | Trilha Sonora: Raul Arcangelo | Figurino: Paulinho Maia | Projeto de Luz: Osvaldo Gazotti | Produção/Edição Audiovisual: Osmar Zampieri. Preparação Corporal: Viviane Cecconello e LeandroLara. Produção: Bia Reiner.
Serviço:
Festival Internacional de Londrina – FILO 2016
De 26 de agosto a 11 de setembro
Realização: Associação dos Amigos da Educação e Cultura Norte do Paraná e Universidade Estadual de Londrina
Direção: Luiz Bertipaglia
Patrocínio: Petrobras, Governo Federal, Prefeitura de Londrina / Secretaria Municipal da Cultura / Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic), Universidade Estadual de Londrina, Unimed Londrina, Horizon – John Deere.
Informações: www.filo.art.br