Em “Artista de Fuga”, personagem entra em crise existencial diante da impossibilidade de lidar com o tempo

Em cena, um escritor refugiado em seus perturbadores pensamentos, provocados pela angústia frente à impossibilidade de acompanhar o tempo.  O relógio lhe parece veloz demais diante de tantos compromissos.  No espetáculo “Artista de Fuga”, que a Araucária Produções Artísticas/Marcos Damaceno Companhia de Teatro apresenta no FILO nesta terça (30) e quarta-feira (1º), o descontrole leva o personagem a viver a neurose dos tempos modernos em seu máximo. A montagem será encenada no Teatro Zaqueu de Melo, às 19 horas.

O diretor e dramaturgo Marcos Damaceno conta que o escritor é um procrastinador crônico que acaba engolido pelo tempo e entra em crise. “Ele não consegue dar conta de seus compromissos, profissionais e afetivos, não cumpre prazos, não paga suas contas em dia. Deixa tudo sempre para depois. O tempo parece um inimigo que está sempre contra ele”, diz.

Nesta dificuldade de lidar com os acontecimentos e com a sua própria vida, o escritor resolve se afastar de tudo para finalmente concluir sua obra. “Mas nem dela ele dá conta; seu livro está sempre em construção”, comenta.  Em seu refúgio mental, ansioso e deprimido, ele se divide em diferentes “eus”, que dialogam entre si em cena.

Este sujeito deslocado no tempo e no espaço – compara o diretor – é um pouco parecido com todos nós. “Vivemos sob pressão. Ele é como um de nós, que nos frustramos quando não damos conta de todos os compromissos que a vida nos impõe, e acabamos fugindo para nossos pensamentos”, explica.

O escritor tem como alter ego o mestre do ilusionismo Houdini, que é o artista em fuga. “O avô do personagem era um grande fã de Houdini e, por vezes, ele chega acreditar que o ilusionista é o próprio avô”, diz.

A montagem, com dramaturgia construída por Damasceno a partir de texto de Guto Gevaerd, tem canções de David Bowie em sua trilha sonora.  A atriz e cantora Rosana Stavis, que divide o palco com os atores Eliane Campelli e Paulo Alves,  abre o espetáculo cantando a icônica “Space Oddity”. “Além de sermos fãs do Bowie, o personagem da peça tem muito a ver com ele, que era um cara que não se adequava aos padrões, tinha um estranhamento com o mundo, se achava meio extraterrestre”, comenta.  A trilha sonora também traz músicas originalmente compostas por Guto Gevaerd para a montagem.

Outro destaque do espetáculo é o cenário que, apesar da simplicidade aparente, guarda surpresas. Painéis negros formam paredes onde os três atores estão confinados e guardam segredos que são revelados pela luz primorosa do espetáculo, em uma evocação ao ilusionismo de Houdini. “É como a vida, que tem coisas que estão ao nosso redor, mas não percebemos”, ilustra.

Guto Rocha/Assessoria de Comunicação FILO

Serviço:

Festival Internacional de Londrina – FILO 2016

De 26 de agosto a 11 de setembro

Realização: Associação dos Amigos da Educação e Cultura Norte do Paraná e Universidade Estadual de Londrina

Patrocínio: Petrobras, Governo Federal, Prefeitura de Londrina / Secretaria Municipal da Cultura / Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic), Universidade Estadual de Londrina, Unimed Londrina, Horizon – John Deere.

Ingressos: Ponto de vendas no Royal Plaza Shopping (Rua Mato Grosso, 310) e pela internet: www.diskingressos.com.br. Valor: R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia-entrada).

Informações: www.filo.art.br