Montagem da Armazém Companhia de Teatro faz releitura de clássico de Shakespeare para falar das loucuras que  afetam o mundo

O clássico do teatro universal, “Hamlet”, de William Shakespeare, numa versão contemporânea embalada por muito som e fúria. Esta é a proposta da Armazém Companhia de Teatro, do Rio de Janeiro, com a  montagem que marca a abertura do Festival Internacional de Londrina – FILO 2017, nesta sexta-feira (11/08), , às 20h30, no Teatro Ouro Verde.  

Em entrevista, o diretor do Armazém, Paulo de Moraes, diz que o público irá ver em cena uma história contada de forma bastante contundente e muito política. “É uma peça essencialmente política, fala de um golpe de Estado. O importante de montar Hamlet é a possibilidade de falar da loucura do mundo hoje, que está cada vez mais insano”, comenta Moraes.

Para o diretor, “Hamlet” é uma peça que abre infinitas possibilidades de montagens, e que, como uma “esponja”, tem a capacidade de absorver a realidade do tempo em que ela está sendo montada. Outra característica da obra de Shakespeare que atraiu a companhia é a capacidade que a peça tem de se comunicar diretamente com o público. “Shakespeare não escrevia para eruditos, mas para o povo. Isso nos atrai. Mantivemos a poesia do dramaturgo, mas sem pompas, comunicando de forma direta, rasgada, na carne”.

A montagem, que estreou no Rio de Janeiro há dois meses e já foi indicada ao Prêmio Cesgranrio 2017 em seis categorias (espetáculo, direção, iluminação, cenografia, figurinos e trilha sonora), marca os 30 anos de fundação da Armazém, que nasceu em Londrina e está no Rio de Janeiro desde 1998. Moraes conta que a ideia para esta montagem era fugir de um texto autoral, caraterística marcante da companhia. “Não queria ter uma relação afetiva com o autor, mas uma relação provocativa. Estava sentindo falta disso como encenador”, revela.

Ele conta que, nesse processo, “Hamlet” foi o primeiro texto lido pelos integrantes do grupo, que passaram por outras 25 peças antes de se decidir pela obra de Shakespeare.  “Procurávamos um texto que falasse muito do que está acontecendo no mundo hoje e da nossa visão sobre tudo isso”.  

O projeto foi desenvolvido em oito meses. Inicialmente, a companhia trabalhou com oito traduções da peça do inglês para o português lusitano e brasileiro. O diretor conta que fez uma seleção das cenas que lhe interessavam e entregou ao parceiro de dramaturgia, o londrinense Maurício Arruda Mendonça, que fez uma nova tradução para esta montagem.

O espetáculo será reapresentado no sábado (12/08), no Teatro Ouro Verde, às 19h30.

 

GUTO ROCHA/Assessoria de Comunicação FILO

 

Serviço:

Festival Internacional de Londrina – FILO 2017
De 11 a 27 de agosto
Realização: Associação dos Amigos da Educação e Cultura Norte do Paraná e Universidade Estadual de Londrina
Patrocínio: Petrobras, Governo Federal, Prefeitura de Londrina / Secretaria Municipal da Cultura / Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic), Caixa Econômica Federal, Unimed.